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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Campo multiusos, parque infantil e parque geriátrico no Santuário do Bom Jesus!?

Como é do conhecimento público, o Orçamento Participativo (OP) Braga 2016, encontra-se na primeira fase de votação, que se iniciou no dia 1 de setembro e se prolonga até ao dia 18 de setembro, como consta do calendário do OP.

Todos os bracarenses podem e devem votar, neste ato de democracia, onde cada cidadão pode efetivamente votar nos projetos que pretende ver concretizados. Basta para isso inscreverem-se no site do OP apresentando os respetivos documentos comprovativos, ou dirigirem-se às juntas de freguesia.


Um dos projetos que desde logo mereceu amplo destaque nos meios de comunicação locais, nomeadamente no Diário do Minho, pretende construir o seguinte, em pleno parque do Santuário do Bom Jesus do Monte:
Parque infantil:
- O objetivo é instalar um conjunto de diversões (baloiços, balanços, bonecos com mola, caixa de areia, escorregas, construções, entre outros) para que a comunidade infantil possa utilizar o espaço, com todas das normas legais exigidas para estas instalações.
Campo multiusos:
- O objetivo é construir um espaço para prática desportiva, que cumpra todos os requisitos legais para a prática de vários desportos (ténis, voleibol, futsal, entre outros). A construção deste espaço deve ter um impacto discreto no local. Associada a esta construção será necessário construir novos balneários/WC de apoio.
Parque geriátrico:
- O objetivo é instalar um conjunto de peças (bicicleta fixa, alteres, bancos de pernas, entre outros) que permitam a exercitação física de uma população mais idosa, mas também para o público em geral.
Consideramos que este projeto será uma oportunidade excecional para voltarmos a ter o parque infantil e o campo de ténis no Bom Jesus, que tantas e boas recordações trazem a todos os bracarenses.

A descrição do projeto pode ser consultada aqui.

Perante a apresentação deste projeto, não se pode deixar de questionar o que se pretende para o parque, mata e Santuário do Bom Jesus?



"Opção 1"- Que se afirme como um importante monumento mundial, que prime por um conjunto arquitectónico homogéneo, integro e monumental em perfeita comunhão com a natureza que o rodeia, procurando potenciar e recuperar a função do seu parque e da sua mata como local de passeio. Convidando todos os visitantes a contemplarem um local de lazer e repouso, de fruição da natureza e de uma obra arquitetónica ímpar. Que vise dessa forma o reconhecimento e a classificação como património material da humanidade!?

"Opção 2"- Ou ao invés pretende-se a introdução de pesados equipamentos do século XXI, que convidem os habitantes e visitantes à prática dos mais diversos desportos, com todas as condições dos recintos contemporâneos, procurando replicar parques de cariz urbano como o Parque da Rodovia, Camélias, entre outros.

Será que quando visitamos os grandes monumentos históricos nacionais e mundiais do género, pretendemos encontrar este tipo de equipamentos desportivos padronizados propostos para o parque do Santuário do Bom Jesus!? 




Na minha opinião, claramente devemos optar pela "opção 1", pois por muito conforto e atratividade para a população local que possam proporcionar os equipamentos propostos neste projeto, entendo que o Santuário do Bom Jesus o seu parque e a sua mata devem procurar afirmar-se como um monumento de projeção mundial, onde os equipamentos de apoio no parque devem ser o mais leve possíveis e em comunhão com a natureza envolvente. Um Santuário que ofereça aos seus visitantes um local romântico e de repouso, que convide a um passeio único por um local com uma beleza arquitetónica e natural ímpar.

Se um pequeno parque infantil de apoio a visitantes que se desloquem em família, e como elemento de memória coletiva do antigo parque, ainda se possa compreender, apesar de questionável, já os restantes equipamentos parecem-me de todo desproporcionados, quer no conceito, quer na quantidade em que foram descritos.

Pelo supra citado, entendo que as intervenções na mata e no parque do Santuário do Bom Jesus devem procurar valorizar a ligação à natureza, convidando o visitante a descobrí-la e contemplá-la. Enquanto que no conjunto arquitetónico se deve procurar valorizar e eliminar construções e materiais dissonantes com o restante Santuário.

Neste sentido, estando a mata e os seus percursos por recuperar, vários belos espécimes de árvores por identificar e proteger enquanto árvores monumentais. Existindo no Santuário um edifício e um bar contíguo ao elevador do Bom Jesus, que se encontra por requalificar, e apresentando o bar materiais e arquitetura dissonante. Julgo que estes seriam projetos valiosos e condizentes com a política de intervenção que entendo como correta para o Santuário do Bom Jesus.

Espero sinceramente que mais bracarenses comunguem desta opinião e que este projeto não seja realizado.