Reabilitação de palácio barroco de 1752 classificado (projeto atribuido ao arquiteto André Soares) para instalação de centro interpretativo de memórias da Misericórdia de Braga.
O centro interpretativo exibirá o espólio selecionado da Santa Casa dividindo-se nas diferentes áreas: pintura, escultura, mobiliário, equipamento hospitalar, paramentaria, alfaias e texteis eclesiásticos. Abertura prevista para o verão de 2015.
Aquando da visita ao Palácio do Raio em 2013, questionamos quanto tempo seria necessário até que se iniciassem as devidas obras de reabilitação do monumento de interesse público, que apresentava vários sinais de degradação e ruína. Felizmente três anos volvidos o Palácio do Raio está a ser alvo de reabilitação que procura recuperar toda a sua rica decoração e arquitectura original. Ao contrário do que aconteceu no Mosteiro de Tibães, onde a recuperação da decoração interior e das alas em ruínas foram preteridas em favor da introdução de elementos arquitectónicos do século XXI, perdendo-se em parte a integridade temporal do Mosteiro.Escadaria e azulejos
Estado inicial (2013)
Reabilitação
Salão I
Estado inicial (2013)
Reabilitação
Salão II
Estado inicial
Reabilitação
Mais imagens do interior do Palácio do Raio em Crere Portugal
Tal como aqui referido no ano passado, procurar auscultar a população e chamá-la à participação nos projetos a realizar na cidade e restante concelho, é sem dúvida uma atitude louvável. Contudo, não deve findar aí o papel da Câmara Municipal de Braga. Procurar aperfeiçoar tal processo e verificar se os projetos submetidos se enquadram na causa pública, se são razoáveis e vantajosos para o município, devem ser também desígnios deste orçamento participativo. É nesse sentido, que se torna incompreensível que mais uma vez, a cidade que concentra cerca de 75% da população do município, é o motor e o elemento estruturante não só do município mas de toda a região envolvente, não tenha qualquer projeto vencedor que verse o espaço público. Além das críticas apontadas ao orçamento participativo de 2015, fica mais uma vez claro que se o "princípio geral do orçamento participativo é delegar nos cidadãos a decisão relativamente ao que fazer com uma parte do Orçamento do Município", ter projetos de Juntas de Freguesia e Paróquias em votação juntamente com os dos cidadãos a título individual, não será a melhor forma de promover esse princípio geral. Se as Escolas estão numa votação própria porque não fazer o mesmo com as restantes instituições?
Em relação à mobilização da população, sendo os 9455 votos um recorde, a verdade é que num universo de cerca de 200.000 cidadãos elegíveis para votar, representa uma afluência inferior a 5%, e consequentemente uma abstenção superior a 95%. A dimensão da abstenção é inexplicável, uma vez que se trata de um ato de democracia direta, onde cada cidadão tem o direito de votar efetivamente no projeto que entende como o melhor para o município, ao invés das restantes votações onde há apenas um ato de "democracia representativa". Existe um longo caminho a percorrer, mas esperemos que o OP Braga continue a evoluir e que a afluência atinja níveis condizentes com a nobreza do ato.
Como é do conhecimento público, o Orçamento Participativo (OP) Braga 2016, encontra-se na primeira fase de votação, que se iniciou no dia 1 de setembro e se prolonga até ao dia 18 de setembro, como consta do calendário do OP.
Todos os bracarenses podem e devem votar, neste ato de democracia, onde cada cidadão pode efetivamente votar nos projetos
que pretende ver concretizados. Basta para isso inscreverem-se no site do OP apresentando os respetivos documentos comprovativos, ou dirigirem-se às juntas de freguesia. Um dos projetos que desde logo mereceu amplo destaque nos meios de comunicação locais, nomeadamente no Diário do Minho, pretende construir o seguinte, em pleno parque do Santuário do Bom Jesus do Monte:
Parque infantil: - O objetivo é instalar um conjunto de diversões (baloiços, balanços, bonecos com mola, caixa de areia, escorregas, construções, entre outros) para que a comunidade infantil possa utilizar o espaço, com todas das normas legais exigidas para estas instalações.
Campo multiusos: - O objetivo é construir um espaço para prática desportiva, que cumpra todos os requisitos legais para a prática de vários desportos (ténis, voleibol, futsal, entre outros). A construção deste espaço deve ter um impacto discreto no local. Associada a esta construção será necessário construir novos balneários/WC de apoio.
Parque geriátrico: - O objetivo é instalar um conjunto de peças (bicicleta fixa, alteres, bancos de pernas, entre outros) que permitam a exercitação física de uma população mais idosa, mas também para o público em geral. Consideramos que este projeto será uma oportunidade excecional para voltarmos a ter o parque infantil e o campo de ténis no Bom Jesus, que tantas e boas recordações trazem a todos os bracarenses.
"Opção 1"- Que se afirme como um importante monumento mundial, que prime por um conjunto arquitectónico homogéneo, integro e monumental em perfeita comunhão com a natureza que o rodeia, procurando potenciar e recuperar a função do seu parque e da sua mata como local de passeio. Convidando todos os visitantes a contemplarem um local de lazer e repouso, de fruição da natureza e de uma obra arquitetónica ímpar. Que vise dessa forma o reconhecimento e a classificação como património material da humanidade!?
"Opção 2"- Ou ao invés pretende-se a introdução de pesados equipamentos do século XXI, que convidem os habitantes e visitantes à prática dos mais diversos desportos, com todas as condições dos recintos contemporâneos, procurando replicar parques de cariz urbano como o Parque da Rodovia, Camélias, entre outros.
Será que quando visitamos os grandes monumentos históricos nacionais e mundiais do género, pretendemos encontrar este tipo de equipamentos desportivos padronizados propostos para o parque do Santuário do Bom Jesus!?
Na minha opinião, claramente devemos optar pela "opção 1", pois por muito conforto e atratividade para a população local que possam proporcionar os equipamentos propostos neste projeto, entendo que o Santuário do Bom Jesus o seu parque e a sua mata devem procurar afirmar-se como um monumento de projeção mundial, onde os equipamentos de apoio no parque devem ser o mais leve possíveis e em comunhão com a natureza envolvente. Um Santuário que ofereça aos seus visitantes um local romântico e de repouso, que convide a um passeio único por um local com uma beleza arquitetónica e natural ímpar.
Se um pequeno parque infantil de apoio a visitantes que se desloquem em família, e como elemento de memória coletiva do antigo parque, ainda se possa compreender, apesar de questionável, já os restantes equipamentos parecem-me de todo desproporcionados, quer no conceito, quer na quantidade em que foram descritos.
Pelo supra citado, entendo que as intervenções na mata e no parque do Santuário do Bom Jesus devem procurar valorizar a ligação à natureza, convidando o visitante a descobrí-la e contemplá-la. Enquanto que no conjunto arquitetónico se deve procurar valorizar e eliminar construções e materiais dissonantes com o restante Santuário. Neste sentido, estando a mata e os seus percursos por recuperar, vários belos espécimes de árvores por identificar e proteger enquanto árvores monumentais. Existindo no Santuário um edifício e um bar contíguo ao elevador do Bom Jesus, que se encontra por requalificar, e apresentando o bar materiais e arquitetura dissonante. Julgo que estes seriam projetos valiosos e condizentes com a política de intervenção que entendo como correta para o Santuário do Bom Jesus.
Espero sinceramente que mais bracarenses comunguem desta opinião e que este projeto não seja realizado.