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Na blogosfera ainda nascem ideias para mudar Braga
Três jovens decidiram ultrapassar as fronteiras do ambiente virtual e vão propor novas formas de a cidade explorar o seu património e história, reinventando a cidadania. É a associação Braga Mais
A blogosfera morreu. Ou se calhar não. Pelo menos em Braga, ainda há blogues em que nascem ideias para mudar a cidade. Com a ambição de ultrapassar as fronteiras do mundo virtual, três jovens de Braga juntaram-se para criar uma associação destinada a pensar a cidade. Chama-se Braga Mais e que quer pôr uma nova geração a olhar para a história e o património bracarenses.Pela ideia dão a cara Rui Ferreira, 28 anos, estudante de mestrado, Carlos Santos, médico dentista, três anos mais velho, e o arqueólogo Ricardo Silva, da mesma idade. Conheceram-se na blogosfera e ficaram amigos. Depois esta entrou em declínio, face à crescente utilização das redes sociais, mas eles não esmoreceram. Também estão presentes noFacebook, mas não querem deixar as suas opiniões no “anonimato do mundo virtual”, como classifica Ricardo Silva.“Por um lado, seria egoísmo da nossa parte deixarmos as nossas opiniões apenas nos blogues. E também não queremos ser apelidados de intencionistas”, justifica Ricardo Silva. O jovem arqueólogo é um veterano nestas lides, uma vez que há vários anos dirige a associação de defesa do património JovemCoop. “No fundo o que queremos é interligar o ambiente virtual com o mundo real”, acrescenta Carlos Santos. A associação que agora criaram será a porta-voz das suas propostas.
Um novo agente culturalA Braga Mais foi apresentada à cidade há uma semana e pretende centrar a sua actividade em três temas principais: cultura; património; e cidadania. Numa cidade com uma história muito rica, os fundadores da associação sentem que a sua geração está mais aberta para descobrir os seus monumentos. Ricardo Silva salienta que tem notado essa “sede” em gente que, como ele, está na casa dos 30. Nos percursos pela cidade que dinamiza com a Jovem Coop, no âmbito da Braga 2012 Capital Europeia da Juventude, o interesse tem crescido: “Começámos com cerca de 30 pessoas e hoje somos mais de cem”.Aproveitando esse interesse, a Braga Mais quer lançar debates públicos sobre a política cultural da autarquia nos últimos anos e envolver-se na defesa do património bracarense. Assim, acreditam, é possível acabar com a ideia de que a defesa do património interessa apenas a gente de meia-idade. Os jovens também podem envolver-se nessa luta, como as discussões que têm suscitado nos blogues e redes sociais têm mostrado.A Braga Mais nasce também com a intenção de ser um agente cultural da cidade. Um dos objectivos é lançar um Festival do Barroco, para exaltar o património bracarense deste estilo arquitectónico. Mas também quer sublinhar a herança sueva e romana da cidade, bem como a sua influência na arquitectura de cidades brasileiras. Tudo isto pode ser uma forma de gerar riqueza em Braga e de criar um “nova relação dos cidadãos com a sua cidade”, sustenta Carlos Santos.Criação do "Museu de Braga"A associação só será formalmente constituída a 7 de Dezembro, em assembleia-geral, mas já tem iniciativas marcadas para antes disso. No dia 23, discutem o futuro da Casa das Convertidas, uma casa de recolhimento do séc. XVIII, que está votada ao abandono. O edifício é propriedade do Estado e o Ministério da Administração Interna projecta instalar aí a delegação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e os serviços distritais da Protecção Civil. Os fundadores da Braga Mais discordam da solução e pretendem promover um debate, para o qual convidaram várias entidades públicas e privadas, que têm outras alternativas para o equipamento, bem como o ministro Miguel Macedo, também ele um bracarense.A 1 de Dezembro será apresentada uma proposta de classificação da Igreja de Santa Cruz, no Largo Carlos Amarante, e duas semanas depois realiza-se o primeiro “trilho interpretado, com a “Braga Contemporânea” como tema. Além de programação própria, a Braga Mais estabeleceu também parcerias com outras associações locais, como a JovemCoop e o estaleiro cultural Velha-a-Branca, com as quais vai dinamizar o ciclo Memórias de Braga. Neste conjunto de tertúlias, a organização quer convidar personalidades marcantes da vida recente da cidade para partilhar histórias sobre uma Braga em vias de extinção.A recuperação do património imaterial da cidade é um dos eixos centrais da actividade da nova associação, que pretende culminar na criação do “Museu de Braga”, no qual seria preservada, valorizada e divulgada a memória da cidade. “A memória da cidade está por estudar. E é uma pena que os bracarenses mais jovens não saibam da importância da história de Braga em alturas decisivas da história de Portugal, não saibam da importância de alguns arcebispos para a própria constituição urbana da cidade”, sustenta Rui Ferreira. Apesar de ser um objectivo “a longo prazo”, a Braga Mais quer começar a trabalhar nele desde já, promovendo as sinergias que considera necessárias para levar por diante o projecto, com a câmara, a Universidade do Minho e as principais instituições culturais locais.Sabe mais no jornal PÚBLICO (Local Porto).Edição impressa, ou exclusiva para assinantes, de 29 de Outubro.
Depois do destaque na imprensa local, que mereceu a apresentação da associação, agora foi a vez do Público difundir este projeto que pretende ajudar a construir uma Braga melhor que valorize o seu património, cultura e história.
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