Tal como aqui referido no ano passado, procurar auscultar a população e chamá-la à participação nos projetos a realizar na cidade e restante concelho, é sem dúvida uma atitude louvável. Contudo, não deve findar aí o papel da Câmara Municipal de Braga. Procurar aperfeiçoar tal processo e verificar se os projetos submetidos se enquadram na causa pública, se são razoáveis e vantajosos para o município, devem ser também desígnios deste orçamento participativo. É nesse sentido, que se torna incompreensível que mais uma vez, a cidade que concentra cerca de 75% da população do município, é o motor e o elemento estruturante não só do município mas de toda a região envolvente, não tenha qualquer projeto vencedor que verse o espaço público. Além das críticas apontadas ao orçamento participativo de 2015, fica mais uma vez claro que se o "princípio geral do orçamento participativo é delegar nos cidadãos a decisão relativamente ao que fazer com uma parte do Orçamento do Município", ter projetos de Juntas de Freguesia e Paróquias em votação juntamente com os dos cidadãos a título individual, não será a melhor forma de promover esse princípio geral. Se as Escolas estão numa votação própria porque não fazer o mesmo com as restantes instituições?
Em relação à mobilização da população, sendo os 9455 votos um recorde, a verdade é que num universo de cerca de 200.000 cidadãos elegíveis para votar, representa uma afluência inferior a 5%, e consequentemente uma abstenção superior a 95%. A dimensão da abstenção é inexplicável, uma vez que se trata de um ato de democracia direta, onde cada cidadão tem o direito de votar efetivamente no projeto que entende como o melhor para o município, ao invés das restantes votações onde há apenas um ato de "democracia representativa". Existe um longo caminho a percorrer, mas esperemos que o OP Braga continue a evoluir e que a afluência atinja níveis condizentes com a nobreza do ato.