O Arqueólogo Luís Fontes responsável pelos trabalhos arqueológicos no Largo Carlos Amarante, que estão a cargo da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM), emitiu há dias um
comunicado publicado no Diário do Minho, onde esclarece que foi destruída uma conduta do início do século XX, para a instalação da nova conduta. Relatando que a equipa considerou que esta não tinha valor arqueológico e que os elementos setecentistas, que haviam sido reutilizados nessa conduta, foram depositados nas instalações da Câmara Municipal de Braga (CMB), para posterior estudo.
Além disso, foi ainda referida a descoberta de estruturas com valor arqueológico, como duas sepulturas romanas, uma intacta (conservada) e uma parcialmente destruída (foi escavada), os alicerces do Convento dos Remédios (preservados), e várias condutas antigas uma das quais tardo-medieval (conservada).
São portanto boas notícias para quem defende o património, pois como sabemos a UAUM tem por norma publicar os relatórios dos trabalhos realizados, e com este comunicado tudo indica que procederão da mesma forma.
Contudo resta saber se alguma das estruturas já referidas será algum dia musealizada, valorizada ou referida no pavimento do "novo" Largo Carlos Amarante. Pois é do conhecimento público que as solicitações feitas pela UAUM para a integração de elementos da "Rua das Águas", aquando do rearranjo da Avenida da Liberdade não foram tidas em conta pela CMB, assim como os elementos de grande valor arqueológico nomeadamente o edifício romano de grandes dimensões ficaram por estudar.
Por sua vez, no quarteirão dos CTT o edifício funerário romano de forma trapezoidal, o espaço oficinal de fabrico de vidro que laborou entre o século IV e inícios do VI, as sepulturas e todo o espólio que documentam a utilização do local desde o final da época do Bronze e que poderiam constituir dois núcleos museológicos de grande valor, continuam inacreditavelmente esquecidos...
Se no Largo Carlos Amarante as notícias são favoráveis, já na Rua de São Vicente há relatos de procedimentos incorretos na preservação da conduta das Sete Fontes que lá se encontra. Como se pode observar na imagem.
Segundo os relatos não colocaram o geo-têxtil para a protecção da conduta.
Há ainda imagens de elementos alegadamente retirados da conduta.
Como sabemos o património precisa de divulgação para que possa "chegar" a todos os que visitam a cidade. Uma vez gorada a hipótese de musealização da conduta ou exposição da mesma através de um pavimento para o efeito, a simples referência à conduta no pavimento da Rua de São Vicente, Largo dos Penedos e Rua dos Chãos e a colocação de placas descritivas do Monumento Nacional das Sete Fontes e respectiva conduta, seria uma excelente forma de valorizar a área pedonal que será criada, e uma forma de dar a conhecer as Sete Fontes aos Turistas.
Porém, mais uma vez a Câmara Municipal de Braga, dará uma lição de como tem valorizado o património arqueológico da cidade ao longo dos últimos 35 anos.
Em nome do blogue gostaria também de felicitar todos os que têm fotografado e dado a conhecer o que tem sido feito no âmbito do projeto Regenerar Braga.
Continuemos atentos.
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